Abril de 2002 - Revista Quatro Rodas - Número 501

Nesta seção, recuperamos a história e a evolução do Chevrolet Corsa através das reportagens veiculadas na mídia especializada. Aqui, você fica sabendo tudo a respeito do carro no ponto de vista de quem entende do assunto. Podem ser encontradas aqui desde reportagens mais antigas até as mais recentes, com todas as informações que foram registradas durante a existência do Corsa. E, cá para nós, foram muitas as atenções prestadas pela mídia ao nosso querido carro.
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Wilson
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Abril de 2002 - Revista Quatro Rodas - Número 501

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Aqui começa uma nova era

Não é exagero, não! Com este comparativo inédito entre VW Polo e Chevrolet Corsa, você vai entender por que o mundo dos carros pequenos nunca mais
será o mesmo.

Por Luiz Guerrero
Fotos: Marco de Bari

Como chamar um carro que é maior que um compacto e menor que um médio? Ninguém tem um nome certo. Talvez “compacto premium”, como alguns fabricantes
falam, possa ser uma boa opção. Qualquer que seja a classificação escolhida, acostume-se com o fato: eles estão aí. O novo Corsa, da Chevrolet e o
Polo, da Volkswagen. E no final de maio, início de junho, vem o terceiro da lista, o Ford Fiesta remodelado (Que você pode ver na edição de maio de
QUATRO RODAS, já à venda nas bancas). Vamos ver – e comparar pela primeira vez – o que os dois pioneiros têm para justificar a criação de uma
categoria no mercado.

Tanto VW como Chevrolet pretendem conquistar um público que aceite pagar entre 25000 e 30000 reais por um automóvel. Ambas acreditam numa clientela
que, querendo sair do reino do 1.0 popular, exige mais espaço, mais tecnologia, mais segurança, mais conforto, mas que tem lá suas dúvidas em investir
esse dinheiro num médio pelado.

A VW escalou o Polo para a briga. Lançado há seis meses na Europa, trata-se da maior esperança da montadora para rejuvenescer a marca – e empurrá-la a
médio prazo de volta à liderança do mercado brasileiro. Ela botou declarado 1,6 bilhão de reais no projeto, que inclui a reestruturação da antiga
fábrica de São Bernardo do Campo (SP), e põe fé nos tais “compactos premium”. Tanto que o Polo estréia com motores 1.6 e 2.0, apenas. Não está
descartado um Polo 1.0, mas ele deve aparecer apenas no fim do ano – sem turbo, até onde se sabe.

Na estratégia da Chevrolet, o novo Corsa, que será fabricado em São José dos Campos (SP), atacará em duas frentes. A montadora foi logo lançando
quatro modelos (o Corsa hatch 1.8 está aqui. Os outros três componentes da família são apresentados a partir da página 56). A ambição é transformar a
versão 1.0 no mais desejado – e maior – dos carros populares. Ao anabolizado 1.8 caberá a missão de se transformar no objeto do desejo de quem está
pulando o patamar dos 25000 reais num automóvel. Ele é certamente o melhor Corsa feito no Brasil desde o seu lançamento, em 1994. Agora, se é páreo
para o Polo, é outra história.

Vamos ao duelo, então! As regras do combate são simples: vence quem acumular mais vitórias em quatro grandes itens – desempenho, conforto, preço e
segurança. A divisão foi feita para facilitar a leitura e, sejamos sinceros, para a gente se divertir um pouco com o decorrer da disputa. Pois um dos
carros saiu na frente, parecia que ia vencer, mas...
Desempenho


As fichas técnicas do Corsa e do Polo trazem dados tão parecidos que parecem ter sido xerocadas. Ambos têm a mesma relação entre peso e potência (10,7
kg/cv), o mesmo 0,32 cx de coeficiente aerodinâmico e um escalonamento de marchas que segue a mesma receita: primeira curta, segunda e terceira
intermediárias, quarta e quinta longas. Surpreso? Espere para ver os números aferidos de aceleração e de velocidade máxima: idênticos! No 0 a 100
km/h, o Corsa saiu na frente por centésimos de segundo e, na máxima, chegou com a diferença cronometrada de... 1 km/h.

O Corsa recebe o motor 1.8 derivado do 1.6 16V da “Família I”, série de motores pequenos que freqüenta do Celta ao Astra. Pensou-se até em adotar o
próprio 1.6, mas a engenharia da Chevrolet decidiu privilegiar o torque em baixas rotações. A 2800 rpm, o 1.8 começa a revelar boa parte da força dos
16,8 kgfm. Comparado aos motores da “Família II” (usados no Vectra, Blazer e S10), ele é mais compacto e, segundo a fábrica, 30 quilos mais leve.
Ganhou avanços com a eletrônica e com detalhes de construção, como o cárter de alumínio fixado diretamente à carcaça de transmissão e o apoio em
coxins hidráulicos no subchassi, providências para, entre outros benefícios, reduzir vibrações incômodas.

O 1.6 do Polo, da Família EA 111, também usado pelo Golf, foca igualmente o torque (no caso, 14,2 kgfm a 3250 rpm) e a suavidade. Suas principais
características são o complemento de aço integrado ao cárter de alumínio, solução que eliminou o protetor de cárter, uma fonte de ruído. A base de
desenvolvimento do motor foi o Turbo longitudinal da linha Gol.

Ambos, portanto, estão atualizados. Mas o da Volks é mais moderno. Conta, entre outros benefícios, com comando roletado que trabalha com menos atrito
e acelerador eletrônico (o Corsa tem acelerador acionado por cabo). A superioridade surgiu na prática. O motor VW trabalha com menos aspereza e
vibrações e é mais esperto, apesar de ter menor capacidade cúbica. Fora isso, o EA 111 está acoplado a um câmbio que se firma como referência pelos
engates certeiros e manejo suave. A caixa, fundida em liga de magnésio, vem da Argentina. Outro apoio precioso é a estabilidade do carro, impassível
em qualquer situação por causa da elevada rigidez torcional da carroceria. A suspensão é mais firme que a do Corsa, calibrada para privilegiar o
conforto. Digamos assim: o Corsa foi feito para
quem busca a condução suave, sem pressa, enquanto o Polo vai agradar tanto àqueles que querem reações mais rápidas ao comando do acelerador quanto ao
motorista mais tranqüilo.

Conforto

Entrem e sintam-se à vontade, porque os dois carros oferecem bom espaço para quatro adultos. Ambos cresceram por fora e por dentro. Quem conhece o
Corsa, por assim dizer, antigo – que vai conviver com o novo enquanto tiver compradores – se sentirá no paraíso dentro do novo carro, que é 9,3
centímetros mais comprido, 4 centímetros mais largo e 4,8 centímetros maior no entre-eixos. Na parte interna, o maior ganho foram os 2 centímetros na
distância entre o assento do banco do motorista e o teto. No Polo, um carro que não tem antecessores no país, a referência é o Gol, cujo entre-eixos é
8 centímetros maior. Em tese, o veterano VW teria mais espaço interno que o novo carro da marca. Só em tese. Na prática, fica comprovada a
racionalidade da instalação de um motor transversal diante de um longitudinal.

Lado a lado, o Polo é 7,5 centímetros maior que o Corsa, mas tem 3 centímetros a menos na distância entre-eixos. A desvantagem se reflete nas medidas
de conforto internas. Quem viaja atrás no Corsa conta com 5 centímetros a mais para as pernas que os passageiros do banco traseiro do Polo. Na altura,
nova vantagem para o Corsa, por oferecer vão 3 centímetros maior entre o banco do motorista ajustado na posição mais alta – ambos podem ter banco do
motorista com regulagem de altura – e o teto. No porta-malas, o Polo é mais generoso com exatos 24 litros extras, equivalentes ao tamanho de uma
valise. Polo e Corsa, no entanto, dificultam a vida de quem precisa carregar bagagem com um compartimento cheio de reentrâncias.

Na briga dos centímetros, o Corsa seria o vencedor do segundo round. Mas conforto não se decide apenas pela trena – o bem-estar a bordo é decisivo. E
viaja melhor quem viaja no Polo. O acabamento do VW brasileiro não é tão primoroso quanto o do europeu, já que, por questões de custo, a filial de São
Bernardo do Campo optou pela aplicação de materiais menos nobres no modelo (o plástico daqui é mais rígido que o de lá, apenas para ficar com um
exemplo). Mesmo assim, vale a visita pela construção mais esmerada que a do Corsa, pela decoração mais sóbria e pela ergonomia. Uma das preocupações
da VW foi eliminar as zonas cinzas, aqueles pontos do carro normalmente relegados ao abandono por não estarem tão visíveis. A Chevrolet não teve o
mesmo cuidado. O resultado é que no Polo não há pontos de solda aparentes quando você abre a porta ou fios à mostra sob o painel, aspectos notados no
Corsa.

Os pequenos detalhes são resolvidos de forma mais satisfatória no Polo. Vamos a outros exemplos: o porta-trecos no console central do Corsa é acanhado
e de difícil acesso; no Polo, é mais amplo e revestido com um tapetinho de borracha. O estepe do VW, sob a tampa do porta-malas, é envolvido por um
estojo que acondiciona as ferramentas básicas para a troca da roda. Para ter acesso, basta levantar o assoalho-tampa do porta-malas. No Corsa, a
operação é mais complicada. É preciso soltar meia dúzia de presilhas para liberar a tampa e, feita a troca, ter a trabalheira de fixar as seis
presilhas novamente. Os elementos de decoração, do painel aos puxadores das portas, são mais uniformes no Polo: repare na foto do painel de ambos os
modelos – no carro da Volks, as linhas são simples e sem tanta mistura de linhas, como no carro da Chevrolet. Acabam cansando menos.

Preço

No item que mexe com seu bolso, vamos ficar devendo uma informação importante: o preço exato do Polo. Como estratégia de preço é assunto tratado como
segredo de estado pelos fabricantes, a saída é trabalhar com estimativas. Pelas pistas obtidas na própria Volkswagen, estamos lidando com um carro que
custará entre 28000 e 30000 reais na versão básica. A margem de “erro”, afirma um executivo da fábrica, é mínima. Vamos fechar, portanto, com esse
valor. Do outro lado, temos um Corsa cuja cotação, tirada da tabela de fábrica, parte dos 25990 reais e pode chegar aos 39000 reais com a inclusão de
todos os opcionais, entre eles um inédito teto solar elétrico para um Corsa (o GSi usava um com controle manual). Nem é preciso quebrar tanto a cabeça
com cálculos para perceber que um Corsa razoavelmente equipado custará mais barato que um Polo básico.

A disputa poderia se encerrar por aqui com a vitória do Chevrolet. Mas o Polo ainda tem predicados na área. Ele é mais econômico. Nas provas de
consumo, fez 8,4 km/l no percurso urbano contra 7,2 km/l do Corsa. Na estrada, a vantagem foi um pouco menor: 13,5 km/l x 12,7 km/l. O “pró-polismo”
continua na lista de equipamentos. O Polo mais simples deve trazer de série a direção eletro-hidráulica, coluna de direção com ajuste de altura e
profundidade, conta-giros, luz interna com temporizador, rodas aro 14 com calota integral, entre outras ofertas. Não é tão despojado assim, portanto.
O Corsa mais simples tem, basicamente, a mesma oferta, à exceção da coluna de direção com regulagem, não disponível nem como opcional. Mas continua
sendo o melhor negócio.

Vamos, agora, à oferta de opcionais prevista para o Polo: ar-condicionado, alarme com trava central das portas e vidros elétricos, espelhos elétricos,
airbag duplo, CD player e freios auxiliados por ABS. São poucos itens, mas a vantagem é que poderão ser comprados individualmente. No Corsa, a relação
é mais extensa. Vai do ar-condicionado ao CD player com capacidade para armazenar seis discos no próprio aparelho. Mas alguns itens são atrelados a
pacotes: a trava elétrica, por exemplo, vem no mesmo embrulho do banco do motorista com regulagem de altura e das luzes de leitura dianteira e
traseira. Fora isso, existem os “itens de personalização” do carro comprados apenas nas revendas. São acessórios de conforto como o trio-elétrico e
objetos de decoração como o aerofólio.

Esqueça as perfumarias e fique com o carro com o mínimo de equipamentos para ter uma boa vida a bordo. Nesse cálculo, a melhor relação entre o custo e
o benefício continua sendo a da Chevrolet. Por 28 000 reais é melhor andar em um Corsa com ar-condicionado do que sofrer insolação em um Polo
básico.

Segurança

Em segurança ativa – os sistemas que exigem a atuação do motorista para evitar acidentes –, Corsa e Polo estão bem servidos. Equipados com ABS,
opcional para ambos, conseguiram boas marcas (e, para variar, números muito próximos) nas provas de frenagem, como se pode conferir na tabela de
resultados da próxima página. Mas mais importante que parar em espaços razoáveis é a forma como eles pararam. E aí, novo empate. Ao se pisar com
decisão no pedal, a qualquer velocidade, Corsa e Polo mantêm-se na trajetória sem maiores sustos. Com calibragem de molas mais firme, o Polo tende a
mergulhar menos a dianteira que o Corsa. Os dois saem de fábrica com discos ventilados no eixo dianteiro e com tambor no traseiro e, nos carros
comparados, calçados com pneus Pirelli P600 185/60 de aro 14. Até aqui, empate técnico.

Quando o item analisado é a visibilidade, outra igualdade. Os dois oferecem as mesmas facilidades e as mesmas dificuldades. A área do pára-brisa do
Polo é igual à do Corsa: respectivamente, 1,03 metro quadrado contra 1 metro quadrado. Mas o vidro traseiro do VW é 2 centímetros mais largo. A coluna
traseira do Polo não tira a visibilidade em manobras porque é vazada por uma janela, recurso também adotado pela Chevrolet. Outra solução
compartilhada, e até então inédita em carros menores, é o acionamento automático do limpador traseiro quando se engrena marcha-à-ré com os limpadores
principais acionados.

A mais que o Polo, o Corsa oferece o sistema de pedais desarmáveis em caso de colisão, uma forma de evitar maiores danos às pernas do motorista. Em
contrapartida, o Polo oferece um inédito sistema isofix, para a melhor fixação da cadeirinha de bebê no banco traseiro. Esses sistemas são parte do
pacote de segurança passiva dos carros. Dele faz parte outro item que, no entanto, só existe como opcional para as duas marcas: o airbag duplo.

E ficaremos nesse empate técnico mesmo? Nada disso. A disputa passa a ser decidida nas retomadas – aquelas provas que mostram a disposição do motor em
empurrar o carro já em movimento para uma velocidade segura, por exemplo, para completar a ultrapassagem. E aqui o vencedor, com alguns corpos de
vantagem, é o Polo. No 40 a 100 km/h em quinta marcha, teste que põe em cheque o fôlego do motor, o VW levou 19,8 segundos, quase 6 segundos mais
rápido que o Chevrolet. Isso com o ar desligado. Portanto, mais um ponto para o Polo e a disputa termina em 3 x 1. Deu para perceber que a briga foi
parelha o tempo todo. A julgar pelas primeiras amostras da tal nova categoria dos “compactos premium”, o brasileiro estará muito bem servido.

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Corsa 1.8 x Polo 1.6

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Desempenho

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As provas de desempenho foram equiplibradas, com números quase idênticos para velocidade máxima e aceleração. Só que a combinação motor, câmbio e suspensão fez diferença para o Polo.

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A Chevrolet privilegiou o torque em baixas rotações do motor 1.8 do Corsa, derivado dos 1.6 16V da "Família I", que equipam do Celta ao Astra.

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A base de desenvolvimento do 1.6 transversal que equipa o Polo foi o motor turbo longitudinal do Gol. Conta com recursos a mais que o concorrente, como o comando roletado e o acelerador eletrônico.

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Conforto

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Espaço extra na frente.

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Espaço extra atrás.

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Porta-malas razoável. Quem é dono de um modelo "antigo" vai se sentir no paraíso

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Bom espaço para 4 pessoas

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Porta-malas no padrão. Quem é dono de Gol vai morre de inveja

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Preço

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Os quatro faróis redondos do Polo foram foram importados do Lupo, o minicarro da VW na Europa. Já a Chevrolet não aguenta mais ouvir que a frente é a cara do Astra. E é mesmo. E bonita

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A qualidade do acabamento do Polo aparece nas minúcias, como a perfeição dos encaixes do rádio ou nos controles. Já o Corsa, se não tem o acabamento tão apurado como o concorrente, certamente é superior ao de sua versão antiga.

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Acabamento

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O visual externo do Polo mantém o apuro encontrado no interior. Mas o Corsa, por fora, mostra mais agressividade que seu concorrente.

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Visual Externo

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Segurança

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A traseira tem o jeitão do Corsa europeu, com suas lanternas no alto da coluna. A frente é a cara do Astra. E é mesmo. E é bonita

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As linhas traseiras lembram muito as do Golf. Tão elegantes quanto as originais. E os quatro faróis redondos são importados do Lupo europeu

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Números do Teste

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